cultura, mídia e política

23 de outubro de 2013

Índios: os ruralistas contra-atacam

Indígenas protestando em Brasília. Mais de 100 etnias estiveram presente. [Foto: Marcelo Ferreira. E.A.Press]
Depois de fugirem de Brasília durante a Semana de Mobilização Indígena, eles já se atiçam, no Congresso. Guaranis prometem novas ações
O chamado da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) levou milhares de pessoas às ruas para protestar, na semana de Mobilização Nacional Indígena, em pelo menos dez cidades do país e fora dele, em Londres. Durante cinco dias, representantes de mais de cem etnias ficaram acampados em frente ao Congresso Nacional, em Brasília – cenas que não se viam desde a Constituinte.
Não se sabe ainda até que ponto a Semana de Mobilização Indígena alterou a correlação de forças políticas. Antes mesmo da chegada dos indígenas a Brasília, em 1º/10, os ruralistas já tinham desaparecido do Congresso e as atividades relacionadas à questão indígena haviam sido canceladas pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ao final da semana, porém, já em 9/10, fizeram nova ofensiva. Para exigir a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215 (que transfere o poder de decisão sobre a demarcação de terras indígenas da Fundação Nacional do Índio ao Congresso Nacional), a bancada tentou obstruir a votação da MP do Programa Mais Médicos, de interesse do governo federal. Não funcionou: a MP foi aprovada.

Finlândia: a melhor educação do mundo é 100% estatal, gratuita e universal

A Finlândia tem a melhor educação do mundo. Lá todas as crianças tem direito ao mesmo ensino, seja o filho do empresário ou o filho do garçom. Todas as escolas são públicas-estatais, eficientes, profissionalizadas. Todos os professores são servidores públicos, ganham bem e são estimulados e reconhecidos. Nas escolas há serviços de saúde e alimentação, tudo gratuito.
Na Finlândia a internet é um direito de todos.
A Finlândia se destaca em tecnologia mais do que os Estados Unidos da América.
Sim, na Finlândia se paga bastante imposto: 50% do PIB.

22 de outubro de 2013

Quanto a União receberá do lucro do petróleo do pré-sal?

Com base em estudo disponível no sítio da fazenda nacional (clique aqui para acessar a íntegra) é possível indicar que o percentual do lucro que ficará com a União federal no regime de partilha é pelo menos 12 pontos percentuais ( aproximadamente 80 bi de dólares ) maior do que o cenário do regime de concessões para campos com grande produção em águas profundas - sendo que o percentual tende a piorar com valores maiores do barril ( tabela 1 ) . E no mundo trata-se do terceiro melhor regime em termos de remuneração governamental, com 69 %, só perde para o modelo chinês e Venezuelano, igualando-se ao Russo (tabela 2 ). E levando-se em conta o dividendo da Petrobras a que tem direito o governo a participação aumenta para 76 %, a segunda melhor do mundo.



Parto humanizado: protagonismo e amor sem dor

Em São Paulo. [Foto: Yuri Catelli /UOL]

Manifestações no fim-de-semana denunciaram modelo obstétrico atual: ele criminaliza profissionais que deixam à mãe o poder de parir

No último sábado, centenas de mulheres, homens e crianças foram às ruas do país para falar de algo que, como tantas outras lutas sociais, permaneceu silenciado e criminalizado pelo Estado: a humanização do parto. Barrigas pintadas, sorrisos desmaquiados e peitos amamentando revelavam mulheres-mães que não tinham medo de mostrar uma íntima escolha, o ato e o poder de parir.

Polícia: para quê polícia?


Por que respostas da PM e governos, diante das manifestações e “black-blocs”, sugerem desejo de fechamento autoritário

Sob o amplo vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), um jovem conversa com um major da Polícia Militar (PM). Eles discutem a respeito do trajeto a ser seguido pelos manifestantes reunidos no local, que dali a pouco realizarão mais um protesto na capital paulista, centro difusor das grandes manifestações ocorridas em junho no País. É meados de agosto e o major da PM quer saber por onde eles pretendem seguir. “Não sabemos”, responde o militante. “Os manifestantes vão decidir na hora por onde ir”. “Não queremos vandalismo, queremos uma manifestação ordeira”, diz o policial. “Nós também. Vamos caminhar no meio da rua, se alguém sair para praticar alguma depredação, aí é com ele, não temos responsabilidade sobre ninguém”, rebate o manifestante. “Mas então vocês nos apontam quem fizer algo errado”, sugere o PM, já cercado por mascarados vestidos de preto interessados na conversa. “Nós não vamos indicar nada, não estamos aqui para entregar ninguém”, é a resposta dada ao policial. “Vocês façam o seu trabalho de forma focada, sem dispersar a manifestação com gás ou tiro de borracha”. “Mas vocês têm de estar atentos… Vejam o que está acontecendo no Egito…”, argumenta o PM. A essa altura, mais atrás, outro manifestante diz em tom alto: “Qual é a brisa do Egito aí? Tá insinuando que a manifestação pode acabar com 600 mortos?” A referência ao país do Oriente Médio parece mesmo absurda. No dia anterior, conflitos ocorridos entre policiais e simpatizantes do presidente deposto por meio de um golpe, Mohammed Morsi, deixaram mais de 630 mortos em várias cidades egípcias.

Quase tudo sobre o leilão de Libra

Cinco pontos explicam novo modelo exploratório do pré-sal

 leilão do campo de Libra foi o primeiro a ser realizado sob vigência do novo marco regulatório para a exploração petrolífera no Brasil.
Saiu vencedor o consórcio formado pela francesa Total, pela americana Shell, pelas chinesas CNPB e CNOOC, e pela Petrobrás, após um leilão marcado por protestos.
Protesto na frente da sede da Petrobras
Aprovado em 2010 para o desenvolvimento das reservas do pré-sal, o novo modelo substituiu o regime de concessões pelo regime de produção partilhada.
O modelo garante uma participação ampla da Petrobras e de entes estatais na exploração dos poços, ainda que em parceria com empresas privadas.

21 de outubro de 2013

As lutas do mundo

Em Moçambique, Chile ou Brasil, a solidariedade internacional é importantes para fortalecer a resistência contra megaprojetos feitos sem consulta às populações.

O meu trabalho profissional leva-me a viajar por vários países. As experiências que colho, não podendo confirmar ou infirmar as hipóteses de trabalho que orientam o meu trabalho científico, dão-me informações preciosas sobre o pulsar do mundo, sujeito a pressões globais, mas de modo nenhum unívoco nas repostas que lhes dá. A pretensa ausência de alternativas para problemas ou conflitos concretos num dado país não passa de um argumento útil a quem está no poder e nele se quer perpetuar.
 
No passado mês de Julho, pude conviver de perto com os camponeses moçambicanos em luta contra a atividade mineira e os projetos agroindustriais que os expulsam das suas terras e os realojam em condições sub-humanas, destroem a agricultura familiar que em grande medida alimenta a população, contaminam as águas dos rios, destroem os seus cemitérios, e frequentemente os submetem a repressão policial violenta. Tudo em nome do progresso e do crescimento econômico, mas de facto apenas para permitir lucros escandalosos às empresas multinacionais envolvidas (muitas delas brasileiras) e rendas parasitas às elites político-econômicas locais.
 
Os contatos entre camponeses moçambicanos e brasileiros foram cruciais para fortalecer a sua luta através da solidariedade internacional e alimentar a esperança de que a resistência possa ter êxito.